Você já percebeu que o modelo de incentivos pode mudar completamente o comportamento de uma pessoa? Olha esse paralelo que existe tanto na política quanto no mercado financeiro.
Na política, o foco é ser popular e se reeleger. Para isso, o governante se acostumou a abrir o cofre, aumentar gastos, criar benefícios e entregar obras atrasadas.
A prioridade não é o futuro do país, é a sensação de bem-estar do eleitor até o dia da urna. A conta disso, é claro, fica para depois.
Quem entra depois muitas vezes precisa cortar gastos, revisar benefícios, mexer em privilégios e mostrar o buraco real nas contas. E é esse cara que perde popularidade e vira o vilão.
Já no mercado financeiro, o assessor ou bancário quer crescer na carreira e ganhar mais. Para isso, precisa bater metas e aumentar a receita.
Então cede à pressão da empresa e empurra o que paga mais: fundo da casa, estrutura cara, seguro desnecessário ou o próximo crédito privado que paga melhor e que pode ser o próximo a quebrar.
Em resumo, não é o seu futuro que manda, é o bônus dele.
Enquanto o político sacrifica o país para se manter no poder, o assessor sacrifica o seu patrimônio para se promover.
O interesse próprio vem antes do eleitor e do investidor.
Mas eles não são os únicos errados
O eleitor contribui quando prefere manter o status atual por medo de perder benefícios ou estabilidade. Ele sabe que o sistema é ruim, mas aperta o mesmo botão para evitar o risco da mudança.
Do lado do dinheiro acontece igual. O investidor sabe que é mal atendido, que paga caro, que recebe recomendações enviesadas, mas continua ali, anos e anos, pela mesma lógica da zona de conforto.
A desculpa favorita é sempre a mesma: no banco ou na corretora, você acha que não paga nada.
No Brasil, muita gente prefere a mentira confortável da gratuidade à verdade incômoda da cobrança explícita.
“Se você acha que não está pagando pelo serviço, você provavelmente é o produto.”
O que parece grátis é pago em comissão, taxa embutida ou perda silenciosa de rentabilidade.
O ponto é entender o jogo
Quando você olha para os incentivos com frieza, em vez de reagir só à narrativa, começa a tomar decisões mais estratégicas sobre o seu voto e sobre o seu dinheiro.
E é aí que está a diferença entre construir um futuro mais sólido ou repetir o mesmo ciclo de frustração a cada eleição ou a cada análise da carteira.